João Ramalho, hoje, se resume a alcunha de um logradouro da cidade de São Vicente, no estado de São Paulo. Ou seja, imortalizado pelo esquecimento foi. Já que o melhor meio para apagar a memória de uma personalidade é associá-la com algo que resvale na sua história.
Dado que João Ramalho Maldonado nasceu, no ano de 1493, na freguesia de Vouzela, em Portugal. E tinha sangue sefaradita – termo que deriva de Sefarad, que é Espanha em hebraico e discrimina os judeus que se radicaram na Península Ibérica.
Todavia, ele se notabilizou por ser um aventureiro; um homem do mar. Que, como navegador, por volta do ano de 1512, sobreviveu a um naufrágio que ocorreu perto de São Vicente. E, ao alcançar a praia, se sociabilizou com os nativos; andando desnudo e assimilando seu idioma, o tupi.
Depois, alcançou o planalto.
E, lá, se aliou ao índio Caiubi (que significa “Folha Verde e Azulada”), irmão do Cacique Tibiriçá. Juntando-se, consequentemente, à tribo dos Guaianazes.
Em função disso, fundando o povoado da Borda do Campo, nos Campos de Piratininga (que equivale a “Peixe Seco”; posto que, após a cheia do Rio Tietê, os peixes ficavam encalhados no solo seu). O qual, posteriormente, ganhou o nome de “Santo André da Borda do Campo*”.
Doravante, João Ramalho se casou com Bartira (a “Flor da Árvore”; que veio a ser chamada de Isabel Dias), filha do Cacique Tibiriçá (o “Vigilante da Terra”) – cujos restos mortais sepultados estão nas catacumbas da Catedral da Sé, em São Paulo –, e se tornou o “Senhor do Planalto” – ou o “Connor MacLeod dos Trópicos”.
E, como gostava de sexo, se valeu da disposição da esposa e de várias concubinas para plantar a árvore genealógica da família Ramalho em solo brasileiro.
Então, quando Martim Afonso de Sousa aportou no Novo Mundo, ele o ajudou a perpetrar o comércio entre o planalto e a Europa. A partir daí, dando-lhe respaldo para fundar a Vila de São Vicente.
*Nota: este lugarejo, por ter se perdido no tempo, nada tem a ver com as cidades de Santo André ou São Bernardo do Campo; além, é claro, de uma coincidência quanto às nomenclaturas e do fato dos campos de Piratininga, atualmente, abrigarem o ABC Paulista.